Das janelas chegam sons
de almas satisfeitas
como a lembrar-me
que a vida é plural.
E há luzes e brilhos
e harmonias coloridas
e outras não tanto
embora sendo.
E até as músicas
me parecem destinadas
por alguém que nada sabe
de mim, é evidente.
Eu apanho do ar tudo
e consumo sem cessar
até o que desconheço
e não sei usar.
Sinto-me gente porque
me desvio de quem passa
e quem me olha
nem foge, nem se assusta.
Afinal há vida
para além do degredo
e dos sonhos negros
e da morte em vida.
Parece-me que estou feliz,
verbalizo e às vezes canto
só para mim, mas faço-o
e acho estranho.
Devia estar eufórico
mas não acredito nisso
por isso estou mas não entro
assim não me perco.
Não estou doente
apenas perdi a fé
contudo, quero estar
e ver sorrisos.
O que vai ser de mim
quando a noite acabar?
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